quinta-feira, 3 de julho de 2014

Pesquisador volta à superfície após passar 31 dias submerso


O oceanógrafo francês Fabien Cousteau voltou nesta quarta-feira (2) à superfície depois de ter passado 31 dias em um laboratório submarino na Flórida fazendo experiências científicas e com o objetivo de dar vida nova ao legado do avô, o lendário explorador Jacques-Yves Cousteau.

Fabien Cousteau, de 46 anos, e sua equipe retornaram em um bote à costa de Islamorada, cidadezinha no extremo-sul da Flórida por volta das 10 horas locais (11 horas de Brasília), constatou a AFP.

"Eu me sinto bem. Um pouco cansado. Senti falta dos amigos e da família", disse Cousteau, que ainda vestia a parte de cima de sua roupa de mergulho, por baixo de uma camiseta branca, em uma rápida declaração antes de descer em terra firme.

Membros da "Missão 31" de Cousteau o aplaudiram em sua chegada e o receberam com abraços, em um centro da Universidade Internacional da Flórida, à qual pertence o laboratório submarino Aquarius que, com cerca de 20 metros, tem o tamanho de um ônibus.

Os "aquanautas" ficaram 31 dias no Aquarius, a 20 metros de profundidade, na costa de Key Long. A expedição contou com tecnologia de ponta, que incluiu até os capacetes usados pela Nasa para treinar seus astronautas embaixo d'água.

Cousteau e seu grupo de cientistas, engenheiros e cinegrafistas, fizeram saídas diárias para mergulhar, documentar a vida submarina e fazer experiências, concentrados sobretudo nas mudanças climáticas e na acidificação dos oceanos.

Além dos experimentos, eles conseguiram documentar seu próprio comportamento vivendo debaixo d'água por mais de um mês.

Antes de mergulhar, Cousteau disse que a façanha servia para "honrar" o falecido Jacques-Yves Cousteau, que há meio século permaneceu 30 dias sob as águas do Mar Vermelho, uma das muitas proezas do explorador, famoso pelas dezenas de documentários sobre a vida marinha.

Seu intrépido avô dizia que "para filmar os peixes, você deve virar um peixe". Sendo assim - prosseguiu - "que forma melhor de filmar o desconhecido (...) do que virar um peixe por 31 dias", contou o neto em entrevista à AFP horas antes de submergir nas águas cristalinas da costa da Flórida, em 1º de junho.

Cousteau e sua equipe tinham acesso à internet no laboratório e ficaram todo o tempo em contato com o mundo exterior, por meio de redes sociais e câmeras que transmitiam tudo o que faziam ao vivo. Eles tiveram que se submeter a um longo processo de descompressão que durou quase 16 horas para que se readaptassem à superfície.

Do Aquarius, Cousteau fez sessões educativas com escolas, museus e aquários através do Skype.

Para o oceanógrafo, que passou os primeiros trinta anos da vida ao lado do avô, muitas vezes participando de suas aventuras a bordo do barco Calypso, poder permanecer embaixo d'água por tanto tempo é um sonho que virou realidade.

"A cada vez que vou mergulhar, sinto felicidade, paz", disse à AFP, antes da façanha.