segunda-feira, 7 de abril de 2014

Fortaleza: aos olhos estrangeiros, a cidade da exploração sexual infantil

Fortaleza tem alto índice de exploração sexual infantil. Basta dar uma volta nos entornos da Arena Castelão, palco dos jogos da Copa do Brasil, para encontrar diversas crianças e adolescentes recebendo trocados para se prostituir. Foi o que mostrou a reportagem da CNN, canal a cabo norte-americano.

Além do Castelão, outros locais que são pontos de exploração sexual são: Barra do Ceará, Praia do Futuro e Praia de Iracema. “Na Praia de Iracema é mais velado, mas disfarçado. Mas nos outros cantos é a olho nu. Você passa por ali e vê”, enfatizou Cecília Gois, assessora comunitária do Centro de Defesa de Crianças e Adolescentes (Cedeca).

No Castelão, há uma espécie de acordo entre travestis e adolescentes sobre o horário. Durante a noite, travestis se prostituem nas imediações do estádio, deixando o resto do dia para quem quiser. Dessa forma, crianças e adolescente são alvos em plena luz do dia.

De acordo com a titular da Delegacia do Combate de Exploração de Crianças e Adolescentes (Dececa), Ivana Timbó, houve uma blitz durante a madrugada da última sexta-feira (4) para fechar possíveis prostíbulos e resgatar vítimas. Além disso, as delegacias estão trabalhando juntas nesta ação. “O problema é que há poucas denúncias e as adolescentes ou crianças não se sentem vítimas da situação”, explicou.

Reincidência e atendimento

Os motivos que levam meninos e meninas dessa faixa etária para as ruas em troca de dinheiro são, geralmente, relacionados com a renda. Muitas vezes, os pais ou parentes próximos é que incentivam essa prática, chegando a obrigá-los a se prostituir.

“Sabemos que tem meninas que vão para casa a casa [após ficarem nos abrigos] e voltam [para as ruas]. Elas acabam acessando a rede várias vezes. Acaba reincidindo sim, porque há muita pobreza, falta de acesso aos direitos básicos. Isso contribui e estimula essa situação de Fortaleza, que não está fácil”, desabafou Cecília.

Ela ainda apontou que as políticas públicas para o combate da exploração sexual piorou em Fortaleza. “A cada ano que passa, o programa da Rede Aquarela tem o orçamento reduzido. Dessa vez, foi cerca de 20%. E isso é um retrocesso. O orçamento vem de recursos nacionais e municipais”.

Matéria internacional

Repórter da CNN percorreu o perímetro do Castelão e encontrou com diversos personagens em tal situação. Além disso, em seu relato, ressalta que não foi atendimento pelas autoridades municipais, sendo somente recebido por entidades sem fins lucrativos, como o Pequeno Nazareno e congregação católica Irmãs da Redenção, que cuidam das vítimas da exploração dentre outros problemas.

Sobre a situação da Copa, há possibilidade do aumento de crianças e adolescentes nas ruas da capital cearense, tendo em vista o grande número de visitantes. Cerca de 600 mil estrangeiros são esperados. De um lado, explorados criam expectativas em lucrar em cima de cada interessados na prostituição. Do outro, o governo tenta amenizar a imagem negativa e ressaltar as belezas naturais. Somente após a Copa, os fortalezenses saberão as verdadeiras consequências.