segunda-feira, 12 de agosto de 2024

Ceará tem 60 mil crianças sem pai na certidão e impactos podem durar por toda a vida

Foto Kid Júnior
Maior que Senador Pompeu, Alto Santo, Icapuí e Viçosa do Ceará. A população acumulada de crianças sem registro do nome do pai na certidão de nascimento no Ceará, nos últimos 9 anos, é superior à quantidade de habitantes de 155 cidades do Estado. Uma multidão de quase 60 mil pessoas sem referência paterna oficial, cuja ausência pode reverberar por toda a vida.

Os dados são da Central de Informações do Registro Civil (CRC Nacional) e foram compilados pela Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), através da ferramenta “Pais Ausentes”.

Segundo a Arpen, quando o pai for ausente ou se recusar, o registro de nascimento pode ser feito somente em nome da mãe. No ato de registro, ela também pode indicar o nome do suposto pai ao cartório, que dará início ao processo de reconhecimento judicial de paternidade.

Por ano, segundo a média dos nove anos, cerca de 7 mil crianças são registradas sem o pai no Ceará todos os anos. O último com menor registro foi 2017, mas ainda assim com mais de 3 mil faltas.

A proporção em relação ao total de nascimentos no Estado também vem aumentando e preocupa o poder público. Isso motiva inclusive a criação de mecanismos como os mutirões de regularização, como lembra a assessora de relacionamento com o cidadão da Defensoria Pública do Ceará (DPCE), defensora Aline Pinho.

Uma delas é a campanha nacional “Meu pai tem nome”, realizada por todas as Defensorias do país. No Ceará, a mobilização ocorreu ontem, véspera de Dia dos Pais, em Fortaleza, Sobral (na região norte), Iguatu (no centro-sul), e em Juazeiro do Norte, Crato e Barbalha (no Cariri).

Para a defensora, os números ainda são “assustadores”. “Alguns são por desconhecimento, outros porque a mãe não chega a contar ao pai por algum contexto da relação, mas a maioria é por abandono. Eles sabem, mas não querem reconhecer”, enumera os motivos.

Segundo ela, com a maior conscientização todos os anos, muitos homens têm participado dos mutirões voluntária e espontaneamente, para reconhecer: “eu sei que é meu”. Entre os benefícios da inclusão do nome do genitor, ela cita:

Com informações do Diário do Nordeste.