quinta-feira, 24 de maio de 2018

Eunício sai do DF e revolta caminhoneiros. “Quer ver pegar fogo”

Marcos Oliveira/Agência SenadoA reunião na manhã desta quinta-feira (24/5), no Palácio do Planalto, que pretendia chegar a um acordo para pôr fim à greve dos caminhoneiros terminou sem sucesso. O presidente Michel Temer estava reunido com ministros para estudar as reivindicações da categoria, que considera insuficiente o corte de 0,05 da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide). As negociações continuarão no período da tarde. Após o encontro, nenhum representante do Executivo nacional falou com a imprensa.

O presidente da Associação Brasileira dos Caminhoneiros (Abcam), José da Fonseca Lopes, afirmou em coletiva que ficou revoltado ao saber que o presidente do Senado, Eunicio Oliveira, deixou Brasília e foi para o Ceará. “Se ele foi pra lá é porque quer ver o circo pegar fogo”, emendou. “Em uma escala de 0% a 100%, a chance de interromper a mobilização hoje é de 5%. A entidade representa em torno de 700 mil motoristas, mais da metade do total do país”.

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A greve, que já dura quatro dias, tem levado transtornos aos brasileiros como fechamento de rodovias, escassez de combustível em postos, impacto no transporte público e também em aeroportos e problemas na distribuição de alimentos.
 
Em nota, o ministro da Casa Civil, Moreira Franco, ressaltou que a decisão do governo de zerar a Cide, que incide sobre o diesel, significa mais do que uma redução de R$ 0,05 no preço e seria uma resposta ao movimento grevista dos caminhoneiros, para, segundo ele ele desonerar a cadeia energética. “O que estamos propondo é um esforço nacional para desonerar a cadeia energética”.

A reunião contou com a presença dos ministros Eduardo Guardia (Fazenda), Moreira Franco (Minas e Energia), Valter Casemiro (Transportes, Portos e Aviação), e o secretário da Receita Federal, Jorge Rachid.

Impactos
 
Na noite dessa quarta-feira (23), a Petrobras anunciou redução do preço do diesel em 10% e a manutenção desses preços por 15 dias. A Petrobras avalia que, a partir da medida, a diminuição média será de R$ 0,23 por litro nas refinarias, resultando numa queda média de R$ 0,25 por litro nas bombas dos postos de combustível. A baixa do preço deve ser maior para o consumidor, pois o imposto incidente será menor.

O custo do combustível nas refinarias será de R$ 2,1016, valor fixado para os próximos 15 dias. Ao fim do período, a tarifa será corrigida de forma progressiva até voltar a operar de acordo com a política de preços adotada pela estatal.

Desabastecimento
 
A paralisação nacional  compromete serviços como os de aviação, correios, venda de combustíveis automotivos, além dos comércios atacadista e varejista. No Distrito Federal, distribuidoras já estão desabastecidas de Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), utilizado na cozinha.

A Inframerica, administradora do Aeroporto Internacional de Brasília Juscelino Kubitschek, informa que a reserva de Querosene de Aviação (QAV), combustível das aeronaves, não é suficiente para encerrar a semana. Ainda conforme pontuou a concessionária, a frota de caminhões responsável por trazer o QAV para o terminal está retida no Entorno do DF.

Redução em meio à crise
 
Em meio às manifestações, a Petrobras anunciou na última segunda-feira (21) reajuste na gasolina e no diesel de 0,9% e 0,97%, respectivamente. Esse foi o 11º aumento nos últimos 17 dias para a gasolina e o sétimo consecutivo do diesel.

Desde que começou a adotar a política de reajustes diários dos preços dos derivados de petróleo, em 3 de julho de 2017, a estatal elevou o valor do diesel em suas refinarias 121 vezes (38 em 2018). O que indica alta de 56,5%, segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE). Em pouco mais de 10 meses, o litro do produto passou de R$ 1,5006 para R$ 2,3488.